FONTE: JORNAL O POVO
EDUCAÇÃO 28/01/2013
Docentes e
discentes do Brasil, uni-vos!
Luiz
Carlos Diógenes de Oliveira
lucadiogenes@hotmail.com
Diretor
do Sintaf-CE
Karl Marx encerra seu afamado
opúsculo de 1848, O Manifesto Comunista, lembrando da condição última de
vitória do trabalho sobre o capital: “Proletários de todos os países,
uni-vos!”. Adotemos um dístico parecido, divisa de uma cruzada nacional pela
educação, como condição de vencermos as mais diversas formas de opressão:
docentes e discentes de todo o Brasil, uni-vos!
Sem educação não há saída possível
para a violenta barbárie em que se vive. A educação, mormente a fundamental,
cria valores éticos e políticos na consciência dos discentes que os acompanham
por toda a vida. Os estudos do educador biólogo chileno Humberto Maturana
revelam que na infância e na adolescência se alicerçam os fundamentos para a
autonomia de um crítico e consciente cidadão.
No livro Emoções e linguagem na
educação e na política, ele diz: “Na infância, a criança vive o mundo em que se
funda sua possibilidade de converter-se num ser capaz de aceitar e respeitar o
outro a partir da aceitação e do respeito de si mesma. Na juventude, experimenta-se
a validade desse mundo de convivência na aceitação e no respeito pelo outro
(...), no começo de uma vida adulta social e individualmente responsável”.
O verdadeiro processo de
desenvolvimento brasileiro, como a consistente construção de uma ordem social
mais equânime e justa, depende de arrojada e ousada política pública voltada à
educação. A sociedade civil cobra a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto
(PIB) nacional para o setor, quase o dobro do que hoje é praticado. A sociedade
política está a normatizar esta legítima e soberana vontade popular. A fonte
dos recursos orçamentários suficientes para atender a estas demandas populares
e normativas é que não está devidamente aclarada. Esta fonte será nutrida por
novos mananciais tributários, ou seus veios descerão às profundezas das bolsas
petrolíferas que a natureza legou ao Brasil?
Os tributos brasileiros, por serem
predominantemente regressivos, permitem a ilação de que a maioria do povo
brasileiro está a crédito com as políticas públicas. Por outra vertente, se as
riquezas do pré-sal são de todos os nacionais, não caberia a eles decidirem
sobre seu destino final? Marx, que defendeu a escola pública, diria: “Docentes
e discentes do Brasil, uni-vos!”