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ME ENGANA QUE EU GOSTO

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FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
CADERNO 3
23/02/14
COLUNA
FERREIRA GULLAR

ME ENGANA QUE EU GOSTO
A tentativa de desmoralizar a decisão do Supremo Tribunal Federal, que condenou os responsáveis pelo mensalão, começou com uma falsa indignação e está se tornando molecagem.
Não pode ser qualificada de outro modo a atitude do vice-presidente da Câmara, que na sessão solene de abertura do ano legislativo fazia ostensivamente gestos de provocação contra o presidente da suprema corte de Justiça do país.
Sentado ao lado do ministro Joaquim Barbosa, repetia o gesto de José Dirceu e Genoino, quando, ao serem presos, fizeram-se de vítimas de uma descriminação política.
Se tais gestos, naquele momento, eram apenas uma descarada farsa, repetidos agora não passam de um desrespeito ao Supremo e ao próprio Congresso Nacional.
Esse desespero dos petistas é compreensível, ainda que inaceitável. É compreensível porque o mensalão pôs a nu o que efetivamente é agora o PT, partido criado para supostamente restaurar a ética na política brasileira. A verdade é que esse partido nunca foi isso. Fingiu ser, e desse modo ganhou a adesão de algumas personalidades destacadas da vida intelectual brasileira.
Essas personalidades deram respaldo à jovem agremiação, cujo principal líder era um operário. Ninguém imaginaria que esse mesmo líder viria, mais tarde, chegado ao poder, aliar-se ao que há de pior na política nacional.
Em consequência disso, aquelas personalidades, decepcionadas, deixaram o partido, sendo que algumas delas chegaram a denunciar o logro de que foram vítimas. Mas Lula e sua turma seguiram em frente, porque seu objetivo, após chegar ao poder, é nunca mais sair dele. E daí, entre falcatruas, o mensalão.
Como já disse aqui, o mensalão foi o modo encontrado por Lula de conseguir o apoio dos pequenos partidos sem lhes dar ministérios e empresas estatais, que reservou, na quase totalidade, para o próprio PT, onde empregou seus partidário aos milhares e usou das verbas como quis. Nesse projeto, estava implícito o uso do dinheiro público em função dos interesses do governo.
Logo ficou evidente que partido era aquele e quais seus reais objetivos. Já a vitória de Lula à Presidência da República deveu-se à mudança drástica em sua pregação de candidato.
No governo, abriu os cofres do BNDES a grandes empresas privadas, ao mesmo tempo que se apropriava dos programas sociais, criados pelo ex-presidente Fernando Henrique.
Conforme afirmou recentemente um economista, o dinheiro dado aos empresários foi muitas vezes superior ao destinado ao Bolsa Família, isso sem contar que os empréstimos eram feitos a juros abaixo do mercado, o que permitiu aos empresários aplicar o capital, que não investiram em suas empresas, e assim ampliá-lo, graças aos altos juros do mercado financeiro.
Me engana que eu gosto

Tudo isso mostra que do PT surgido em 1980 não restou quase nada. O mensalão não foi inventado por ninguém e, sim, atestado e comprovado por documentos, depoimentos e investigações, levados a cabo pelos órgãos policiais e judiciais.
O julgamento desse processo foi feito publicamente, transmitido pela televisão. Cada ministro manifestou sua opinião, suas concordâncias e discordâncias, do que resultou a condenação da maioria dos acusados.
Entende-se que, para um partido que está no poder há 11 anos e nele pretende se perpetuar, tais condenações pegam muito mal, já que os condenados são gente de sua cúpula. Como explicar, num ano de eleições, que altas figuras do partido tenham sido condenadas pelo Supremo Tribunal de Justiça?
Como explicar que Henrique Pizzolato, nomeado por Lula diretor do Banco do Brasil, tenha falsificado o passaporte do irmão morto para fugir do País?
Ele era membro destacado do PT, tendo sido até candidato do partido ao governo do Paraná.
Impossível explicar aos eleitores tanto vexame e tantas falcatruas. E, sobretudo, impossível negá-las se foram comprovadas e punidas pela mais alta corte de Justiça do país.
Não há outra saída para os petistas senão afirmar que se trata de uma farsa, montada pelos ministros do Supremo.
Mas como admitir isso se, dos 11 ministros, nove foram nomeados por Lula e Dilma? O PT só engana mesmo quem quer ser enganado. E valerioduto mineiro? É esperar para ver.


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TODOS E TODAS SOMOS CIDADÃOS(ÃS)?

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TODOS E TODAS SOMOS CIDADÃOS (ÃS)


Autor Inonimado

Cidadão(ã) é termos direitos e deveres. Temos? Na Lei!
As leis (Constituição de 1988, SUS, SUAS, ECA, Estatuto do idoso, Maria da Penha...) nos assegura direitos, mas agentes estatais e governantes burlando a legalidade nos negam direitos que conquistamos com lutas e até com revoluções...
Sim, lutas e revoluções!
Jornada de 8 horas, férias, 13º, voto, meia estudantil... conseguimos com lutas! Lutas que custaram prisões e até assassinatos!
A Revolução Gloriosa (Inglaterra, 1689), A Americana (1776), a Russa (1917) e a derrota do Nazi-Fascismo (1945), abriram caminho para que, em 1948, surgisse a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.
Direitos humanos é direito de bandidos? Porquê?
No Brasil, em 1964, tivemos um golpe de Estado com o objetivo de evitar a universalização da cidadania...
Derrotamos a ditadura, construímos a constituição de 1988, o SUS, o SUAS, o ECA, a Maria da Penha...
Falta a reforma agrária, ferrovias, hidrovias...
Com o apagão na Política, os partidos reduzidos a siglas privatizadas, a nossa Democracia, com a corrupção, as violências e a burla da legalidade, está reduzida a uma Cleptocracia!
Superarmos o apagão na Política, fazermos Política Democrática e resgatarmos a nossa Democracia é preciso e possível!
Que cada uma e cada um faça sua parte! Viva a Democracia! Ditadura, nunca mais!
Há leis que tem como objetivo a cidadania de todos e de todas. É o caso da Constituição de 1988, do ECA, do Estatuto do Idoso, SUS, SUAS...
Há leis que tem como objetivo manter privilégios. É o caso das constituições brasileiras de 1937, 1967, 1969...
Ruim com lei, pior sem lei!
No Brasil, além de leis que garantem privilégios, temos a burla da legalidade!
Burla da Legalidade?
Agentes estatais e governamentais, principalmente operadores(as) do direito (juízes, promotores, delegados...) não cumprem o que as leis determinam... São exemplos da burla da legalidade:
·      Vendas de sentença (Usucapião do “Campo de Diamantino”);
·      Falsificação de Licitação;
·      Superfaturamento;
·      Venda de siglas partidárias;
·      Desvio de recursos da previdência;
·      Desvio de remédios e recursos do SUS;
·      Desvio de recursos dos SUAS;
·      Desvio de recursos de entidades sindicais, de moradores, estudantis, de partidos políticos;
·      Desvio de recursos do FUNDEB, das escolas, das creches...
·      Desvio de recursos da merenda escolar;
·      Privatização do Estado (Prefeitura, Poder Legislativo, Poder Judiciário...);
·      Privatização de sigla partidária, de sindicato...
Ser cidadão(ã) é preciso e possível! Tentemos! Como?
Estudando, procurando conhecer nossos direitos e lutando!
Lutando, sem medo, sem ódio, com racionalidade e sem violência!
Sem violência!


Fevereiro de 2014
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Chapeuzinho Vermelho morta a pauladas

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dom
das antigas
por demitri túlio

DAS ANTIGAS 16/02/2014
Chapeuzinho Vermelho morta a pauladas

Li no jornal a notícia sobre uma menina, 11 anos de idade, morta a pauladas em Maracanaú. Tinha nome de gente, mas a chamavam de “Preá”. Por coincidência, um dos “trocentos” apelidos de rua que ganhei no tempo de eu menino. Talvez por causa das orelhas de abano ou porque fui um menino miúdo, ligeiro.

Pois bem, a vidinha invisível da mirrada Gerlândia Santos Medeiros valia quase nada pra cidade. Vale uma biografia. Daquelas que nenhum homem público – prefeito, governador, vereador, deputado, senador, presidente da República – poderia deixar de ler, reler e ruminar. 


Poderia ser mais. Uma narrativa, conto de fadas às avessas para crianças, pais e professores. Onde, no final, o dragão destroça o pai, a mãe, dois irmãos e a mocinha. Mais ou menos assim: “Branca de Neves morta a pauladas”. Ou então: “Rapunzel, dependente de crack, foi executada”.


Ou talvez: Gerlândia Santos Medeiros, também conhecida por Chapeuzinho Vermelho, “foi vista com vida pela última vez, por volta das 22 horas da terça-feira, quando passou de bicicleta nas proximidades das casas de parentes”. 


No capítulo seguinte, intitulado “Viciada aos 11”, a avó paterna de Preá, a aposentada Maria Hilda Medeiros, contou que a netinha era praticamente moradora de rua. “Ela me disse que começou a fumar ‘pedra’ quando tinha nove anos”.


Pois foi. Preá nem sempre dormia em casa. Perambulava sozinha e só saía com alguém, um lobo talvez, quando ia fumar crack. Em 2010, Paulo Sérgio dos Santos Medeiros, pai de “Chapeuzinho Vermelho”, foi assassinado por traficantes que lhe atazanavam dívidas. 


Nos anos seguintes, 2011 e 2012, dois irmãos de Chapeuzinho também seriam executados. A mãe? Também se foi. A menina, por último, só tinha a vovozinha que mal sabia dela.
 

Essa história, real e absurda, é da semana retrasada. Queria que fosse inventada. A notícia de Gerlândia não para de rodar nos meus olhos.
 

Gerlândia, Preá ou Chapeuzinho Vermelho do Maracanaú, existia há apenas 11 anos quando lhe tiraram a infância. Tempo de quase dois governadores e dois prefeitos. Fizeram o quê pelos dias da menina, do pai dela, da mãe e dos dois irmãos? E nós daqui, da Aldeota, também necas.
 

Um conto de crueldade que no fim, mais uma vez, os traficantes ficam por aí e o bairro nunca é devolvido para os aldeões. E eles voltarão a roubar miolos de histórias.
 

... Era uma vez uma menina invisível que só souberam de sua existência quando ela morreu a vida dela mesma.
 

Tinha tudo para ser uma princesa, gostava de bonecas, ganhar chocolate, entrar na internet, visitar a avó e levar comidinhas pra ela a pedido da mãe. Mas, um dia, em um de seus caminhos pelo Maracanaú, um lobo muito mal, muito mal lhe atalhou...
 

Este foi o texto que quis vir. Até tentei outros, mas só veio este. Miúda biografia da menina que nunca deram importância.


Até outro domingo.


DEMITRI TÚLIO é repórter especial e cronista do O POVO, demitri@opovo.com.br


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