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Calma, é só diversificar

Artigo

Calma, é só diversificar
Marden Pessoa Lopes
21 Nov 2009 - 01h10min


A imprensa do Ceará que faz os programas policiais protesta contra as limitações impostas ao seu trabalho. Alega que a liberdade de imprensa está cerceada, o que relembra a censura da época da ditadura. Questiona a defesa de direitos humanos para ``bandidos``. Afirma que mostra o preso com a sua concordância. Assevera que o Secretário de Segurança Pública vai receber uma medalha dos ``marginais``. (matéria publicada nesse jornal, em 5/10/09, pg 7).

Posiciona-se como defensora dos interesses da população, adotando sempre o mesmo discurso quando alguém, com base na lei, se atreve a limitar a sua atividade. Esquece a disputa acirrada pela audiência e une-se para desqualificar o ``atrevido``.

É importante registrar que a limitação do exercício das liberdades é própria das democracias, alcança a todos, inclusive a imprensa televisiva, que explora concessão pública.

Ademais, a liberdade de imprensa no Brasil é bastante questionada, ante a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucos, geralmente empresários e políticos. Muitos afirmam que existe de fato é liberdade de empresa. Calma, outras matérias podem ser veiculadas, fora a exposição dos pobres e miseráveis. Direcionem as câmeras para os crimes que pela própria natureza ferem a sociedade em larga escala.

Mostrem os criminosos da zona rural, que concentram ilegalmente a propriedade das terras empurrando os pobres para as periferias das capitais. Informem sobre os autores dos crimes ambientais, que comprometem a vida saudável até das novas gerações.

Noticiem os crimes de apropriação indébita envolvendo quantias elevadas, recolhidas de terceiros e não repassadas aos cofres públicos.

Abordem, de forma didática e profunda, os delitos financeiros e a corrupção, principalmente enfocando a figura do corruptor, geralmente ligado às empresas importantes, inclusive multinacionais, que corrompe sistematicamente em todas as esferas do setor público, independente de quem esteja no governo, assaltando o cofre do Estado e consolidando a cultura patrimonialista.

Pautem o noticiário com a impunidade reinante nesses crimes, quando são ``desviados`` dos orçamentos da saúde, habitação, segurança, educação, verbas importantes, o que compromete a construção de uma sociedade solidária e humana, e, por consequência, menos violenta. Protestem em razão das dificuldades de mostrar esses acusados, eis que não são encontrados nos presídios e nas delegacias.

A divulgação cotidiana dessas matérias mudará o foco da indignação das pessoas, já que serão revelados os maiores responsáveis por essa violência generalizada. Talvez seja facilitada a exibição dos novos ``bandidos``, com a concordância de seus bons advogados, que compreenderão o alcance do direito da liberdade de imprensa.

Diversifiquem, exibindo os mais fortes inimigos da paz social.

MARDEN PESSOA LOPES - Procurador da Fazenda Nacional
mardenpessoa@hotmail.com

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