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Milhões do réveillon

Milhões do réveillon
11/12/2009
A Prefeitura anunciou que pretende gastar R$ 4,7 milhões no próximo réveillon. Fico a pensar nas prioridades de quem decidiu esse evento. Durante este ano, o Município acumulou dívidas, deixou de pagar fornecedores, não fez licitações de serviços e compras importantes para o cotidiano de escolas e postos de saúde, negou o pagamento de gratificações e anuênios a que os seus servidores têm direito por lei, barrou ou atrasou a execução de reformas e manutenção de seus equipamentos, deixou de criar creches na periferia... Mas, para gastar numa única noite, pagando artistas de fora, tem dinheiro e agilidade... Para quem sempre votou no PT, como eu, o fato decepciona. É estranho que seja priorizado um tamanho gasto para uma única ocasião, enquanto faltam coisas básicas para o funcionamento dos serviços voltados à população da periferia. O argumento de que o réveillon impulsiona o turismo e gera empregos pode ser confrontado. A falta de creches e de atividades dirigidas aos nossos adolescentes está empurrando centenas para o uso de drogas e, assim, a violência explode: isso espanta os turistas e atrapalha por demais toda uma cadeia produtiva de serviços que poderiam crescer em Fortaleza. Com uma verba desta magnitude, poderiam ser contratados quatro mil professores de educação física para organizar atividades esportivas e de recreação na periferia e esse entretenimento poderia durar mais do que dois meses. O impulsionamento massivo dos esportes colocaria Fortaleza com chances de se destacar no cenário internacional em quase todas as modalidades. As olimpíadas vêm aí. Com R$ 4,7 milhões poderiam ser convocados milhares de profissionais para conduzir oficinas de arte, dança, teatro, artesanato, música e cursos profissionalizantes em mil zonas pobres da cidade. Seriam gerados empregos, proporcionaria um entretenimento muito mais duradouro. O dinheiro circularia aqui dentro e com resultados bem mais consistentes para o turista constatar em sua vinda à nossa cidade. Muito mais importante que a beleza dos fogos na beira-mar por alguns minutos é a qualidade de vida experimentada durante os 365 dias do ano.

Regina Elias - Mestre em Saúde Pública pela Uece

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