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Encapuzados, por quê?

JORNAL DE HOJE / OPINIÃO

Encapuzados, por quê?

10.01.2012

Os fatos da semana passada – envolvendo policiais e governo-desnudaram um quadro impressionante. Estou me referindo à fragilidade da sociedade quando em situação inusitada. Também estou falando sobre o poder da boataria – arma usada em momentos de crise. Boataria que favorece a marginalidade – não apenas de bandidos, também dos que se escondem no anonimato para tirar prazer do medo de homens e mulheres.

“O que está acontecendo?” A pergunta que nos fazíamos morria no noticiário das rádios: policiais militares invadiram e se apossaram de quartel; tomaram as ruas e, juntamente com esposas e filhos, esvaziaram pneus de viaturas para que impossibilitassem o deslocamento de “ronda”. Mulheres guerreiras que se transformaram em escudos na defesa de esposos, filhos, parentes, amigos. Presentes, solidárias, esbanjando força.

Saiu nota oficial de protesto pela presença de crianças no movimento. Elas não eram para estar ali, mas muitas mães levavam-nas porque não tinham com quem deixá-las, e também para que aprendessem que “viver é lutar”.

Enquanto os discursos, as palavras de ordem ecoavam pela cidade, o Palácio era tomado por autoridades procurando uma saída para o impasse criado: atender ou não a pauta dos amotinados. Neste instante mais mulheres cresceram, como Socorro França, buscando um ponto que desse fim àquela situação. Firme, corajosa defensora da legalidade. Outra mulher, a desembargadora Sérgia Miranda, de plantão no Tribunal de Justiça, assinou a ilegalidade da greve, cumprindo seu dever.

Os marginais saíam de suas tocas e invadiam bairros, assaltando. E os cidadãos trancaram suas portas, tomados pela boataria alarmante e cínica. A cidade foi aos poucos despovoada, enquanto ficávamos em nossas casas. Viramos prisioneiros em nossos lares.
 
PS.: Encapuzados, por quê? Eram homens lutando por direitos, não marginais assaltando. Foi o ponto lamentável do movimento.

Adísia Sá
adisiasa@gmail.com 
Jornalista

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