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Acauã, só matando


COLUNA

Em vez

HÉLIO PASSOS - hp@brhs.com.br
14.04.2013


Acauã, só matando

Mas não adianta, porque são como as secas do Nordeste: vão morrendo umas e nascendo outras, com seu canto de mau agouro, uma lenda que associa a pobreza à ausência das chuvas. Ora, a seca é uma força da natureza. Se acabassem com toda a raça dessa pobre ave, as chuvas cairiam?

Essa bobagem serve apenas para os governos repetirem toda a ópera de sua incompetência, porque as chuvas não caem por mil razões, não ao alcance de nossa vã filosofia. E quando a seca atormenta, os salvadores da pátria aparecem, fazem demagogia, e prometem, prometem.

Tema velhíssimo

Nesses momentos da desgraça generalizada, lá vêm as falsas emoções, insensíveis como uma moto-serra. Velhíssimo, o tema, mas válido lembrá-lo para os mais jovens. Sarney, na presidência, prometeu irrigar um milhão de hectares na região. O general Médici, o mais danoso da ditadura militar, veio olhar a seca e - acreditem - chorou. E prometeu, e prometeu. O outro general, Figueiredo, chegou a afirmar, do alto de sua carranca, que ia virar o mapa do Brasil de cabeça para baixo. Etc. Etc. Lula fez as dele. Dilma faz as dela, e o problema vira um empurra-empurra de reuniões na Sudene, uma instituição fragilizada que pode ser comparada à Ponte dos Gemidos, como a da fábula de Esopo, há três mil anos.

Exemplo de Israel

Faltou a história de D. Pedro II, que prometeu vender as jóias da Coroa "para que nenhum cearense morresse de fome ou sede". Deixa pra lá. Para uma agricultura intensiva, produzir mais em menos espaço e com pouca água, sempre foi o grande desafio da agricultura. Foi justamente essa necessidade de produzir alimentos com poucos recursos naturais que fez da tecnologia agrícola israelense uma das mais desenvolvidas do mundo, especialmente em irrigação. O índice médio de chuva em Israel é de 600 milímetros por ano. No semiárido brasileiro é de 800 milímetros anuais. Na região sul, onde está o deserto de Negev, esse índice não chega a 30 milímetros/ano. Que povo! Que governos! Que tecnologia.

Memória curta

Daqui a seis meses, vamos medir o que Dilma prometeu aos "abestados" governadores do Nordeste. Nada ou quase nada em relação ao gigantismo do problema que tem tudo para ser eterno. No Planalto nunca ouviram falar em acauã, nem no canto da pobre ave agourenta. O tema central é Dilma-2014, e para isso dança um ministro hoje e outro amanhã, em acomodações eleitoreiras. O grande Ivan Lessa estava certo quando dizia que, no Brasil, costuma-se esquecer em 15 meses tudo o que aconteceu nos últimos 15 anos. Eu, de mim, estou de mudança para Pasárgada. Lá não existe acauã e todos são amigos do rei.

HÉLIO PASSOS 

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