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De Debret a D.


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MIRIAM                                      
LEITÃO
Diário do Nordeste
Fortaleza, ceará -  sábado, 19 de Janeiro de 2013

De Debret a D.
A cena urbana brasileira traz vestígios de uma sociedade que viveu 300 anos com a escravidão, tão evidentes sinais que se banalizaram e raramente os percebemos. Uma família entra no restaurante com os senhores à frente, o casal mais jovem um pouco atrás, e depois de todos vem a babá vestida de branco segurando a criança. A cena em tudo lembra os quadros de Debret.
Esse é o valor da nota do Ancelmo Gois esta semana sobre a proibição dos clubes Caiçaras e Paissandu de entrada de babás não uniformizadas em suas dependências. O Jockey e o Piraquê fazem a mesma exigência. Ao colocar o dedo na ferida, a coluna do meu colega abriu a boa polêmica. O branco usado pelas babás tem o objetivo de marcar a divisão entre as pessoas e deixar explícito a que grupo social elas pertencem. Como disse D., que aos 37 anos tem 20 anos de trabalho, a roupa branca não é prática. Ela reclama também da falta de nome próprio. “As crianças só nos chamam de babá.”
D., que não disse o nome por motivos óbvios, desconfia que a cor escolhida “é para separar empregadas de patroas”. Desconfiança acertada a de D. A cena descrita no primeiro parágrafo desta coluna é costumeira nos restaurantes da Zona Sul do Rio e em outros centros urbanos brasileiros.
Os clubes reagiram e disseram que não é discriminação, mas padronização. Que padrão? Uma sócia do Paissandu disse que se houver algum acidente com a criança a babá será facilmente identificada. Argumento desprovido de sentido.
O Brasil é o país que tem maior número de empregadas domésticas do mundo, segundo recente estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). São mais de 7 milhões de pessoas; 93%, mulheres; 61%, negras. Mais de 350 mil têm entre 10 a 17 anos. O Brasil não ratificou a Convenção 189, da OIT, que estabelece a obrigatoriedade de estender aos empregados domésticos os direitos de todos os trabalhadores.

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