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Drogas


COLUNA
Em vez
HÉLIO PASSOS - hp@brhs.com.br
27.01.2013
DIÁRIO DO NORDESTE



Drogas


Tenho que a questão não é ser contra ou favor da descriminação da droga. Não é nada disso. Sim, todos acompanhamos estar diante de uma guerra perdida, porque os traficantes são bem mais preparados e equipados que a tropa policial, civil ou militar. O tipo da guerra que não se ganha com flores. Os traficantes sabem muito bem que enquanto tiver quem compre, tem que venda o produto maldito. E não será assim que um dia a guerra terminará.

Revisão do problema

Vários especialistas têm dito que o necessário mesmo é uma revisão da forma de tratar o problema. As pequenas vitórias até agora contabilizadas resultam da educação e da informação sobre os perigos que as drogas representam. Não resultam do endurecimento da guerra policial contra o vício. O mais grave, associado à criminalidade violenta, é o caso dos viciados em drogas pesadas que surgem todos os dias. Em nenhum momento houve redução desses casos nas últimas décadas.

Alasca, um exemplo

Quando o Alasca descriminou a maconha, em 1975, o seu uso por adolescentes cresceu de forma dramática e, em 1990, os dirigentes do estado permitiram a volta da incriminação. Outros estados americanos, como o Oregon, o Maine e a Califórnia discriminaram a posse da maconha e o consumo aparentemente não aumentou. As experiências com discriminação na Holanda e na Suíça foram complexas, inconclusivas e, na maioria das vezes, citadas sem conhecimento de causa para reforçar posições emocionais e preconcebidas.

Um pra todos

Sou de uma geração sem drogas e da bola de meia. Fui adolescente no auge do glamour de uma felicidade que existia e nós não sabíamos. Todos fumávamos nosso cigarrinho "Hollywood", "Continental" & Cia. - escondidos, como a cometer um crime - um cigarro para a turma toda, no máximo dois tragos para cada um. No carnaval, quem comandava era o lança-perfume (de metal ou de vidro), procedentes da Argentina, era o máximo, enfeitado pela serpentina ou o confete ("pedacinho colorido de saudade", como na linda marchinha de David Nasser e J. Júnior - 1952). Molhava-se o lenço, cheirava e saía pulando feito um idiota. Ah, que tempos!

Opinião refletida

Tenho sagrado horror à droga. Nunca fui santo, é verdade, mas tive a sorte das boas amizades. O que gostávamos mesmo era de futebol, que a Rádio Nacional transmitia pela voz de Jorge Cury e depois Valdir Amaral. Os comentários eram confiados ao incrível João Saldanha, ou Ary Barroso, com sua gaita e flamenguista doente (Ary foi tudo, compositor, letrista, pianista, locutor, radialista). Mineiro de Ubá, brilhante, conquistou o Rio de Janeiro e o mundo, com "Aquarela do Brasil". Fazia tudo e morreu num domingo de carnaval, dia 9 de fevereiro de 1964, aos 61 anos. É verdade que tem gente que não pode suportar nem os seus vícios, nem os seus remédios. Também é verdade que, diante dos olhos, só vemos os vícios alheios, enquanto os nossos, que não são poucos, estão sempre atrás das costas. Mas não encontro a menor dúvida - é opinião refletida - de que o drogado não é caso de polícia.

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