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HÉLIO PASSOS - hp@brhs.com.br
26.05.2013

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Uma polêmica dos diabos, essa de abrir os arquivos acumulados entre 1964 e 1985. Registraram-se tantos horrores nesses período de chumbo grosso que será difícil uma apuração completa da trágica realidade. Não há quase nada a acrescentar, depois do magistral trabalho do jornalista Hélio Gaspari, em cinco volumes, "A ditadura envergonhada" (Companhia das Letras, 2005), em que ele conta absolutamente tudo. Mas, vez por outra, é bom um toque, repetitivo ou não. Abrir os arquivos acumulados durante um inferno desses - ao som de "Apesar de você", única composição de conteúdo político do genial Chico Buarque - há de ser um trabalho sem fim, como o corredor daquele livro "Quem roubou o meu queijo?". Lula tem medo de se meter nessa história. Não é mais homem de rua, de passeatas.

Os políticos

No Congresso Nacional, tudo é mais difícil, um misto de preguiça, desinformação e propinas. Mas o que há nos tais arquivos? Que mistérios ocultam? Por que a sociedade não tem o direito de conhecê-los e julgá-los? Até porque, mais dias, menos dias, o tesouro sofrerá os dias da história, com um simples "abre-te, Sésamo". Ora, paciência. Na hora da barra pesada, da censura, do terror, das torturas e das mortes violentas, era fácil resolver o grande problema, ou o grande inimigo. Tudo se resumia à falta de liberdade, esse bem a que só se dá valor quando não se tem e de que só se fala quando está em falta. Na verdade, a herança chamada de "entulho autoritário" juntou-se às naturais dificuldades da rede-mocratização e tudo isso somado à inoperância dos governos, à corrupção, à impunidade. Deu no que deu.

Pecados

O resultado está aí e só não vê quem não quer: um País em profunda crise, até mesmo na hora da votação de uma simples Medida Provisória, porque a presidente Dilma não sabe nada de política e muito menos de políticos. Resolve seus problemas nomeando ministros (39) ou trocando um seis por meia dúzia, enquanto o País atravessa uma profunda crise - social, política, econômica e moral.
Um dos piores pecados dos governos da ditadura foi ter permitido que a decepção e o desencanto, principalmente entre os jovens, se transformassem em nostalgia dos tenebrosos tempos, de crise em crise, de escândalo em escândalo.

Risco

Corre-se o risco de achar que a culpa é da democracia. Já não é raro ouvir dizer que nos "anos de chumbo, pelo menos não se roubava tanto", esquecendo de que alguns problemas atuais mais graves, como a grossa corrupção, e como! Só que não se sabia. A censura não deixava. A liberdade de imprensa apenas escancarou as mazelas, dando maior visibilidade aos problemas.

É bom não esmorecer, e vamos conhecer os arquivos da maldita ditadura e transição, mais os governos civis e democráticos, de Sarney a Lula, insuficientes para tirar do Brasil um vergonhoso título - um dos países com uma das mais iníquas distribuição de rendas do planeta, o que faz dele o paraíso dos ricos e também o inferno dos pobres. Até aí, abrir ou não os arquivos dos porões da ditadura não vai fazer a menor diferença.

Ps.: - A verdade é que, apesar das crises e dos gritos da presidente Dilma com seus pobres ministros, das mazelas crônicas, da miséria secular, o Brasil nunca pareceu um País terminal. Vai ver que é por causa do humor, do hedonismo, da alegre energia vital de seu povo bom e tolerante, que nem o Dr. Mantega consegue abalar com seus dados econômicos de brincadeirinha.

Hélio Passos 

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