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POVO29/05/2013
POVO29/05/2013
MORTE DO JORNALISTA
Filho de Herzog diz que fotógrafo foi cúmplice da ditadura
Ivo
Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar em
1975, afirmou ontem que o fotógrafo Silvaldo Leung Vieira foi cúmplice do
regime que levou à morte de seu pai.
Vieira fotografou Herzog morto em uma
sala do Doi-Codi paulista quando treinava para trabalhar no Instituto de
Criminalística da Polícia Civil de São Paulo. “Esse fotógrafo foi cúmplice de
um momento terrível da história do Brasil, escolheu fazer o que ele fazia e
permaneceu calado por muitos e muitos anos”, declarou Ivo após depoimento de
Vieira à Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo.Ivo criticou o
fato de Vieira afirmar que sabia das torturas e assassinatos que eram
praticados pelo regime repressor, mas não ter denunciado esses fatos: “Há dois
tipos de pessoas; aquelas que se calaram e aquelas que se voltaram contra a
violência que acontecia naquela época. Ele (Vieira) é uma das pessoas que ficou
calada. Ele foi conivente, ele foi cúmplice de um Estado violento e de um
Estado criminoso”, acusou.
Vieira respondeu que não se sente
cúmplice do regime, mas que se arrepende da opção que fez ao concorrer a vaga
na Polícia Técnica. O fotógrafo tinha 22 anos na época e estava na segunda
semana de um curso de fotografia do Instituto de Criminalística, quando foi
colocado à disposição do Dops e convocado para clicar a fotografia de Herzog.
Ao chegar ao local, adiantou, encontrou a cena pronta, com o jornalista
pendurado por um cinto pelo pescoço, mas com os pés tocando o chão, fato que
declarou ter achado ”estranho”.
O fotógrafo acrescentou que
desconhecia quem era Vladimir Herzog quando foi levado para registrar a cena, e
que achava que a missão fazia parte do treinamento. Disse ainda que achou a
cena “estranha” e que comentou com alguns amigos e familiares. Mas, foi
aconselhado a não denunciar, para não se tornar perseguido pelo regime. Ele
mora em Los Angeles desde 1979. (das agências)
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