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Brado retumbante

 FONTE: O POVO
ARTIGO 01/07/2013
Brado retumbante
Jurandi Frutuoso Silva
jurandi.frutuoso@gmail.com

Médico, secretário de estado da Saúde do Ceará de 2003 a 2006 e mestre em Saúde Coletiva (UnB)


O Brasil, “país moderno”, amado por todos, em “franco crescimento”, descobre de repente que as decisões tomadas a seu favor não são, na verdade, propícias à evolução positiva, pois, ao invés de estruturantes, são quase sempre eleitoreiras, portanto, retrógradas. 

Nele, a desesperança emerge da esperança; a ira, da frustração; a revolta do tempo de espera e a ação, de uma nova consciência que brota no vigor da juventude. O gatilho evolutivo foi acionado e a direção do movimento ainda é uma incógnita.
Não dá mais para fingir que o povo não existe! Governantes não priorizam serviços essenciais, como saúde, educação e segurança; parlamentares se lixam para opinião pública e decidem movidos quase sempre pelos interesses pessoais e partidários (no mau sentido); judiciário interpreta a “consciência jurídica” de forma contraditória e produz a incoerência sórdida dos incautos, e a corrupção permeia todos as esferas de governo sem que muito se faça para contê-la. Mais diria se isto não bastasse.

A soma dos contratempos irrita, e no caldo dos desenganos gerou-se o “grito de revolta” que assusta e agora se organiza em uníssono por todo país exigindo respeito. Há cinco séculos Suarez* já afirmava que “o poder é uma realidade moral e só surge quando a sociedade se institui em sociedade política (...) Nessa perspectiva, o poder do rei, transmitido pelo povo, era por isso revogável.”

Onde vai dar tudo isso eu não sei, mas afirmo que nunca mais “verás país como este”. Medieval ele não é. O futuro, por certo, será diferente, fruto de um presente que odeia política partidária, se organiza sem a condução de lideres e, aos poucos (ou aos muitos?) ocupa corações e mentes e se dissemina pelo país afora. É bom ficar atento!


PS: Sem baderna, por favor, senão a flor não brota, por mais bonita que seja a primavera. 



*Francisco Suárez (1548-1617), pensador de grande influência na Europa em seu tempo; autor de Las Disputationes mataphisicae, publicada em 1597.

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