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Insegurança pública, mais uma vez


FONTE: O POVO
OPINIÃO
EDITORIAL 30/07/2013

Insegurança pública, mais uma vez
O que fazer quando se tem uma Polícia Civil que nada investiga, a não ser em casos de "grande repercussão"?


Infelizmente, torna-se obrigatória a repetição de editoriais sobre a questão da segurança pública no Ceará. O melhor seria que o assunto saísse de pauta e ganhasse ares menos sombrios, de forma que se pudesse ocupar de outros temas menos mórbidos.

Mas não se pode fugir do assunto tal a sua gravidade e devido à falta de perspectivas de melhoria na área. A edição de domingo (28/7/2013) deste jornal mostrou que, ao assumir o governo do Ceará, em seu primeiro mandato (2006), Cid Gomes encontrou o índice de 19,4 homicídios por 100 mil habitantes; em 2011 a taxa havia subido para 30,8 morte por 100 mil habitantes. O número de assaltos a ônibus, a bancos e contra pessoas também aumentam assustadoramente.

O que o Governo do Estado apresenta é o aumento de investimentos na área de segurança, o que de fato aconteceu. Em 2006 foram investidos R$ 534,7 milhões em segurança pública, em 2012 o valor foi R$ 1,38 bilhão; ou seja, um aumento de 158%. No entanto, o resultado concreto foi nulo ou negativo, pois os índices de criminalidade não pararam de crescer.

A resposta do governo, afirmando que, caso o investimento não tivesse sido feito os índices de criminalidade seriam ainda maiores, é um argumento tão débil que não pode nem mesmo ser encarado com a seriedade para merecer contestação.

O outro argumento de que o problema é generalizado tem de ser visto com várias ressalvas. Uma delas é que não se pode justificar o próprio fracasso, apontando o malogro dos outros; a outra é que a assertiva não é completamente verdadeira. Em Pernambuco, por exemplo, a Secretaria da Segurança está conseguindo reduzir o número de homicídios. É certo que o índice de criminalidade também é alto no estado vizinho, mas o resultado mostra, pelo menos, que eles conseguiram encontrar um rumo para enfrentar o problema.

Mas o que fazer quando se tem uma Polícia Civil que nada investiga, a não ser em casos de “grande repercussão” ou que a vítima “seja da família ou amiga do delegado” ou ainda que tenha “ligações com desembargador, advogado influente, político de primeiro escalão, empresário”, segundo declaração de um escrivão de polícia, coletada pelo repórter Demitri Túlio, e divulgada na mesma edição citada acima?

Enquanto isso, as tragédias vão se sucedendo, ceifando a vida de policiais e de civis, vítimas de uma guerra não declarada, porém, infortunadamente, bastante real.


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