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Hora de agir e mudar

FONTE: JORNAL O POVO
JORNAL DE HOJE / OPINIÃO
SEGURANÇA 23/07/2013

Hora de agir e mudar


"Dois policiais que lá se encontravam limitaram-se a vir até a ponta da calçada olhar e nada fizeram"

Sábado, dia 13 de julho, 8h15min da manhã, nas proximidades da Igreja Nossa Senhora de Lourdes - no bairro Dunas, sofri a segunda tentativa de assalto à mão armada, em menos de 30 dias. Dois fatos que me revoltaram diante da apavorante violência urbana que nos cerca e que nos faz reféns do medo.

Na primeira tentativa, transitando pela Via Expressa, 50 metros antes da esquina com Alberto Sá, trânsito congestionado, 15 horas de uma sexta-feira, de repente um assaltante levantou a camisa e mostrando a arma investiu contra o meu carro, numa violência ensandecida. No banco dianteiro do passageiro, tive calma suficiente para reagir, o que o levou a empreender fuga. Ato contínuo, ao olhar para a calçada de uma farmácia do outro lado da rua, talvez provocados pela minha reação e dos outros carros que estavam no engarrafamento, constatei que dois policiais que lá se encontravam limitaram-se a vir até a ponta da calçada olhar e nada fizeram.


Na segunda tentativa, voltando de uma caminhada no Parque do Cocó, já próximo à Igreja nossa Senhora de Lourdes, dois assaltantes apontaram arma em minha direção e fizeram sinal para encostar o carro. Acompanhado de minha mulher, a reação imediata foi no sentido de protegê-la, não atendendo a orientação de ambos. Em consequência, recuaram por fração de segundos, propiciando uma manobra radical do veículo na rua. Ato contínuo, surgiu como por encanto uma viatura do Ronda do Quarteirão, para a qual fiz sinal no sentido de receber a proteção devida. Em questão de segundos, o pavor da ameaça dos assaltantes estava cedendo espaço à sensação de proteção. Mas ficou na sensação. A viatura sequer parou, apenas observou minha reação, voltou a imprimir velocidade e, a exemplos dos assaltantes, sumiu, aumentando nossa indignação e perplexidade.


Sinal dos tempos? Infelizmente, é público e notório que o poder de polícia há muito deixou de existir e a população está refém da insegurança. Chegou a hora do matar ou morrer? Quem de sã consciência vai deixar sua família à mercê de bandidos? Com mais de 60 anos, faço parte de uma geração de homens que preferem a morte à desonra. Qual é o pai, qual é a mãe que não se deixa matar em defesa de um filho? Matar é crime, exceto em defesa da honra, em defesa da pátria... “e a Pátria é a família amplificada”.


Será que nós, chefes de família, muitos já patriarcas, vamos ter que escolher entre matar ou morrer? É a falência do Estado? Ou que está aí é fruto do pecado social coletivo, fruto de nossa omissão ou conivência pelo fato de votarmos mal e ficarmos passivos diante do descalabro na educação, na saúde e na terrível concentração de renda?


Esses dois episódios são exemplos das milhares de vítimas da violência, muitas delas fatais como o padre Elvis Marcelino, morto nas proximidades do Centro Dragão do Mar, um dos cartões-postais de Fortaleza. Os bandidos jovens que tentaram contra minha vida e de minha mulher apenas me apontaram a arma, mas foi uma classe política e econômica socialmente descompromissada que depositou as armas em suas mãos. Agora, para recolhê-las, precisamos de uma revolução de valores, baseada no amor, na misericórdia e no respeito ao próximo.


A pior das revoluções é aquela sem ideologia, a revolução dos desesperados, dos desencantados. O povo está nas ruas e rogo a Deus que haja tempo para agir e mudar.

Raimundo Viana
Empresário

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