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Artigo
29/04/2012
Valton de
Miranda Leitão
valtonmiranda@gmail.com
Psicanalista
A conquista de maio
"Sindicatos de trabalhadores foram cooptados
pelo ordenamento político-jurídico do sistema capitalista"
O primeiro de maio foi inicialmente considerado
como feriado e dia do trabalhador pela Rússia em 1920. O mês de maio já era
emblemático desde 1886, quando um protesto de trabalhadores em Chicago foi
violentamente sufocado. Na ocasião, os trabalhadores lutavam pela redução da
jornada de trabalho de 16 para oito horas, tendo conseguido seu intento depois
de sangrentos embates em quase todo o planeta.
O mundo assistiu simultaneamente à ascensão de duas
classes que se antagonizam no interior da sociedade capitalista: a burguesia e
o operariado. Dessa práxis histórica nasce o marxismo, que através de Marx e
Engels teoriza o processo econômico e sócio-histórico dentro do qual se
desenrolaram revoluções socialistas, contrarrevoluções burguesas, golpes de
Estado até alcançarmos o arranjo democrático atual.
A crise estrutural do capitalismo é tão profunda na
atualidade que nenhum grande pensador tem mais a ousadia de defender a proposta
neoliberal. No entanto, o mercado capitalista avança impetuosamente, apoiado
pela mídia internacional que pretende naturalizar essa nova forma de violência,
na qual o planeta é destruído juntamente com o ser social.
As organizações de trabalhadores, os partidos
operários e socialistas surgidos dentro desse processo histórico atualmente são
apenas uma sombra projetada do passado. Os sindicatos de trabalhadores, nesse
percurso, foram cooptados ou enfraquecidos pelo ordenamento político-jurídico
do sistema capitalista mundial. A organização imagético-virtual determina uma
espécie de amnésia sociocultural, fazendo com que o operariado esqueça sua
origem, enquanto a classe burguesa sequer reconhece que nasceu da Revolução
Francesa.
Nesse desmantelo globalizado, a população mundial é
entretida com brinquedinhos eletrônicos que o gênio de Steve Jobs produziu. O
operariado iludido passa a acreditar que a salvação está em algum delírio
religioso ou na radicalização democrática, esquecido de que jamais recebeu nada
gratuitamente. Essa é a verdadeira visão marxiana, que sindicatos, partidos e
intelectuais de esquerda já não lembram.
A mídia capitalista do lema da Revolução Francesa
apossou-se da palavra liberdade, enquanto tenta se apossar de outras duas
palavrinhas mágicas: ética e corrupção. A condenação da classe dominante, que
gerencia o capital global, não está sendo feita pelos partidos de
trabalhadores, mas pelo caos do mercado como aconteceu recentemente na Suíça.
Nesse contexto, burguesia e operariado, apresentam
deformações de caráter decorrente da ideia de que nenhum outro mundo é
possível. De um lado o individualismo ganancioso com sua crença irrefletida na
tecnologia informacional, e do outro a apatia que se abriga no delírio das
religiões alternativas. O pensamento político socialista parece esquecido de
que a maior corrupção é gerada pelo imperativo categórico do lucro. Disso
decorre que o ethos social não pode ser estabelecido pela classe dominante e
sua mídia, mas pela luta permanente por verdadeira liberdade, igualdade e
fraternidade.
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