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Mediocridade imposta

 
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Editorial

Mediocridade imposta

Diário do Nordeste
06.05.2012
 
 
Antes do uso massificado da comunicação, quando ainda não ocorrera a multiplicação dos veículos em decorrência do advento da Internet, a notoriedade pública, sob seu aspecto mais positivo, só era plenamente alcançada por pessoas que realmente reunissem méritos para granjear a estima do público pelo talento, entre eles escritores, artistas de todos os gêneros e personalidades do circuito social e político. No âmbito das artes populares, as pessoas necessitavam ser dotadas de méritos indiscutíveis para cativar atenções e ganhar receptividade.

Na atualidade, nomes sem nenhum valor, ou motivo de relevância, ocupam enorme espaço na mídia e alcançam impressionantes índices de acesso nas redes sociais e "sites" virtuais. Para agravar esse progressivo vazio qualitativo, a chamada indústria cultural distorce as características que deveriam ser seu apanágio e investem verbas fabulosas na promoção de "celebridades" sem qualquer valor intrínseco. Dessa forma, ocorre um danoso rebaixamento do nível de conhecimento da juventude e, por incrível que possa parecer, até mesmo de pessoas detentoras de razoável base cultural, que se deixam ingenuamente seduzir pelos atrativos da tecnologia como um bem em si mesmo.

Estudiosos do comportamento humano registram sua preocupação com o que eles consideram a "escalada da insignificância", fomentada pelo endeusamento da mediocridade, com prejudicial oportunismo impregnado de irresponsabilidade. A única compensação por essas distorções é o caráter efêmero da notoriedade dos falsos valores, muitas vezes, alçados a uma fama circunstancial até mesmo pela divulgação de suas qualidades negativas. Alguns deles são vilões travestidos virtualmente de heróis, protótipos de má conduta e de ostensiva agressão aos mais comezinhos princípios éticos.

A busca da notoriedade a qualquer preço é um fenômeno que se acentuou sensivelmente na modernidade, com a difusão da publicidade como propulsora de vendas e de sucesso. A tal ponto cresceu esse afã de "aparecer" para o grande público que o artista "pop" norte-americano Andy Warhol cunhou ironicamente uma frase lapidar, dizendo que todos têm direito a seus 15 minutos de fama. Acontece que os grandes interesses por trás da exploração das questionáveis "celebridades" sempre desejam utilizar, até os mais intoleráveis graus de suportabilidade, a repercussão dos produtos supostamente culturais e artísticos que pretendem impingir ao público. Na efetuação do processo seletivo, leva-se em conta apenas o propósito determinado de faturar o máximo de dinheiro dentro do menor tempo possível.

Um aspecto dos mais graves, relacionado à "escalada da insignificância", é a ausência do mínimo cuidado quanto à preservação dos valores artísticos genuínos, vários deles ainda em produtiva atividade nos seus diversificados setores de atuação, que são, porém, relegados a injustificável ostracismo, sem maiores escrúpulos, pela alegada falta de retorno comercial imediato ou pela acomodada má vontade quanto à necessidade de promoção adequada.

Para se combater, sobretudo entre os jovens, essas armadilhas consumadas por uma propaganda calcada na superficialidade e no mau gosto, há que se conscientizar a sociedade para uma reação vigorosa, a partir do trabalho conjunto entre pais e educadores, responsáveis por imprescindíveis exemplos edificantes e pelas oportunidades à correta formação sociocultural da juventude.
 
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