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A (des) construção da educação


A (des) construção da educação


 "Somente 498 anos depois de sua descoberta por Cabral é que o Brasil coloca na escola 98% de suas crianças e adolescentes em idade escolar"
O Brasil tem uma dificuldade secular e congenital para prover-se de uma educação escolar de qualidade. Não há como dizer que a educação escolar vai bem e, pior, não há perspectiva de melhoria substancial a curto e médio prazos. 

Após avanços incontestes como a universalização do ensino fundamental, a montagem de amplo e competente sistema de avaliação, o advento do Enem, a implantação da pós-graduação e os Fundef e Fundeb e a aplicação de vários projetos valiosos como, no Ceará, o Alfabetização da Idade Certa (seis anos) e as escolas profissionalizantes, tudo estacionou novamente.

Greves longas e incompreensivelmente repetidas e sempre irresolutas, remuneração média dos professores das redes públicas e privadas inferior à de outros profissionais de nível superior e até de profissionais de carreira técnica, analfabetismo de adultos em 10% e de crianças escolarizadas, teto de 15% da população com nível superior, vagas ociosas nas universidades e faculdades particulares apesar do ProUni inflar seus cofres e aliviar ou perdoar suas dívidas fiscais, da ampliação das universidades públicas com salários baixos, carreira mal estruturada, muitas vezes sem condições físicas, instrumentais, laboratoriais e bibliotecas adequadas, uso abusivo do professor temporário, etc., tornam a educação escolar de baixa qualidade.

Mas como explicar essa incapacidade do Brasil prover-se de um sistema escolar de qualidade?

Arrisco uma explicação: o Brasil desde seus primórdios estruturou mal seu sistema escolar. Pois vejamos. Levou quatro séculos antes de se interessar em alfabetizar seu povo (a população como um todo) e, quando o fez, criou um sistema de classes que dura até hoje: uma escola para os pobres e outra para os ricos; da educação infantil até a pós-graduação, montou um ensino privado comercial, visando o lucro, com, muitas vezes, subsídios fiscais; os investimentos financeiros na educação sempre foram baixos e insuficientes. O Brasil estruturou o ensino básico em escolas de um turno, não repetindo o modelo vitorioso americano e europeu de uma escola de tempo integral, manhãs e tardes, incluindo artes e esportes.

Somente 498 anos depois de sua descoberta por Cabral é que o Brasil coloca na escola 98% de suas crianças e adolescentes em idade escolar; mantém até hoje o sistema escolar fundamental sob o jugo de políticas partidárias; 434 anos após seu descobrimento o País cria a sua primeira universidade, a USP, a grande maioria delas virá somente após 1960 e a pós-graduação nos anos 1970 e 1980.

O Brasil, federal, estadual e municipal e privado, sempre criou e manteve um sistema de remuneração de seus professores vergonhosamente baixo. Com essa estrutura do ensino o Brasil preparou para si um grande impasse: uma resistência ao ensino e à aprendizagem, a manutenção da desigualdade e um grandioso obstáculo ao desenvolvimento econômico e cívico.

Se as reflexões acima forem corretas, deve-se concluir que medidas pontuais não resolverão o impasse. É preciso uma revolução: atacar e modificar o quadro estrutural da educação formal. Outros países o fizeram. O que esperamos?

André Haguette
haguette@superig.com.br
Sociólogo
Jornal de Hoje 
OPINIÃO
ARTIGO 12/08/2012
O POVO


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