125x125 Ads

A ruptura entre as palavras e os atos na segurança pública


A ruptura entre as palavras e os atos na segurança pública


"Ignorou o governo e seus gestores que diante da realidade caótica das polícias há que se ter propostas ousadas"
A mudança na direção da Academia Estadual de Segurança Pública não é apenas a mudança de um sociólogo por um coronel da PM, é, sobretudo, a mudança de rumo na política estadual de segurança pública do Governo Cid Gomes. Representa o retrocesso de um projeto político que foi pactuado com a sociedade quando o então candidato a governador prometeu em seus dois planos de governo uma política de segurança pública cidadã, uma polícia bem formada, moderna, investigativa e da “boa vizinhança”. 

Uma proposta ousada que mereceu, naquele momento, o apoio da sociedade civil organizada, de intelectuais e pesquisadores das universidades como o professor César Barreira, conferindo-lhe credibilidade e respeitabilidade.

Hoje, no seu segundo governo, Cid não precisa mais desses apoios críticos que exigem coerência política entre as palavras e os atos governamentais, principalmente, na área da segurança pública. Aqui, o problema é que o divórcio entre o discurso-promessa e os atos governamentais deixa o governo nu. Se havia alguma esperança de que o governador cumpriria suas promessas para mudar o modelo tradicional de atuação das polícias estaduais, ou seja, suas estruturas arcaicas, defensivas e corporativas que resistem desesperadamente às mudanças, essa foi fulminada com a exoneração de César Barreira do cargo de diretor geral da Aesp.

Ignorou o governo e seus gestores que diante da realidade caótica das polícias estaduais há que se ter propostas ousadas, contemporâneas, corajosas e radicais que sejam capazes de reformar as estruturas de funcionamento das polícias e do sistema de segurança pública nacional. E, por quê? Pelo fato de que o modelo orgânico das polícias brasileiras não foi alterado com a redemocratização do País e, elas passaram a servir à democracia como se fossem estruturas neutras, quando não o são.

E o exemplo local dessa assertiva é que o Ronda do Quarteirão, implantado na primeira gestão Cid, foi vergonhosamente sabotado por essas mesmas estruturas de poder que não aceitam mudanças na área da segurança pública. E o mais grave é o fato de o governador recuar quando outros estados avançaram em sua mudanças na área.

Discutir a reforma das forças de segurança significa, no caso brasileiro, reconhecer que elas não podem continuar a responder aos problemas da criminalidade e das violências, no século XXI, com os instrumentais do século passado. Nesse contexto, a formação é condição fundante para mudar as velhas mentalidades das viúvas que alardeiam aos quatro ventos sua herança, quase genética, do saber-fazer polícia. Decifrar ou se deixar devorar, eis a questão! 

Glaucíria Mota
gmotabrasil@gmail.com 
Coordenadora do Laboratório de Direitos Humanos e Cidadania da Uece e pesquisadora do CNPq
POLÍCIA 
Jornal de Hoje
OPINIÃO
14/08/2012O
POVO 


DESVENDAR A REALIDADE É PRECISO!
TENTE VER ALÉM DO DISCURSO E DA APARÊNCIA...

LEIA!
REFLITA!
COMENTE!
DIVULGUE!






0 comentários:

Postar um comentário

 

Copyright © 2010 • MARACANAÚ REFLEXIVO • Design by Dzignine