A pesquisa sobre violência urbana da Universidade de São Paulo (USP) revelada pelo O POVO neste
ano mostrando que 57,5% dos fortalezenses são favoráveis à pena de
morte elegendo assim a terra de José de Alencar como o maior índice
desse desejo no País, pegou de surpresa a opinião pública. As alegações
para esse assustador número de partidários da pena capital foram
diversas, especialmente a sensação de insegurança e a falência do
sistema de segurança e da Justiça criminal. Não há evidências de que a
pena de morte tenha reduzido a criminalidade nos países em que foi
implantada, pelo contrário, inclusive, os EUA são o único país, que se
diz democrático, que ainda recorre à pena capital, mas há contradições,
pois, curiosamente, somente pretos, pobres e prostitutas acabam sendo
alcançados pelas injeções letais ou sentam nas cadeiras elétricas.
Não
foi por falta de aviso que a violência urbana chegou ao descontrole das
autoridades públicas, pois a escalada era visível e previsível. Há
outros três fatores fenomenológicos relativamente recentes que
auxiliaram na explosão da violência urbana e, talvez, no despertar desse
repentino desejo assustador de legitimar a pena de morte: a exploração
ilegal da violência nos programas policiais televisivos; a explosão do
consumo de drogas, especialmente o crack, e o caos urbano que tem
potencializado o estresse e o medo na população.
O darwinismo
social deseja controlar a espécie humana (numa referência à seleção
natural de Darwin de controle da espécie), pois o que se vê claramente é
uma sociedade cada vez mais individualista e egoísta e que nada faz
para melhorar a convivência social. Recorrer à pena de morte é declarar a
falência do Estado e da sociedade, pois, queiram ou não, todas essas
pessoas envolvidas na violência urbana são psicologicamente vítimas da
própria sociedade hedonista e materialista em que vivemos.
Luís Olímpio Ferraz Melo
felicidade@secrel.com.br
Advogado e psicanalista ARTIGO 02/11/2012
0 comentários:
Postar um comentário