LEIA!
O POVO/ Opinião
20/11/2012
SAÚDE
Será que
estamos em guerra?
"Na Constituição federal, saúde é um direito de todos e
dever do Estado"
Filmes que relatam o socorro às vítimas de guerra ou de
catástrofes mostram um amontoado de pacientes atendidos pelo mais grave e/ou
risco eminente de morte. Não estamos em guerra, mas os pacientes que chegam ao
Hospital Geral de Fortaleza estão sendo atendidos assim. Depois da avaliação
médica constatada a necessidade de internação, o paciente é encaminhados para a
unidade de Observação 2, apelidada pelos usuários de “piscinão”.
Ao adentrarmos nesse espaço, temos a sensação de que estamos
numa guerra. Um grande salão com uma média de 100 pacientes dia, homens,
mulheres, idosos graves, pacientes com problemas neurológicos, com infecções,
dispostos lado a lado, em macas altas ou baixas. A distância entre as macas é
de aproximadamente 50 cm. Nesse mesmo espaço, pacientes acamados são
higienizados sem privacidade. Para quem pode se locomover, há dois banheiros,
um masculino, outro feminino, cada um com um único chuveiro e dois sanitários
sem portas internas para uso de pacientes e acompanhantes.
Essas condições contrariam todas as normas estabelecidas como
seguras desde o século XVIII, quando o hospital tornou-se um espaço
terapêutico: separação de pacientes por patologias, não concentração de
pacientes em grandes espaços. Cuidados básicos para reduzir as taxas de
mortalidade e infecções hospitalares.
E ainda, pacientes que necessitam de pareceres de
especialistas ou têm seus procedimentos cirúrgicos ou para diagnóstico,
prescritos como urgentes, veem os mesmos adiados, sob o argumento de que
chegaram pacientes mais graves.
Na Constituição federal, saúde é um direito de todos e dever
do Estado, mas quando é prioritário a formação do superávit primário, favorecer
o sistema financeiro e construir obras para a copa, os investimentos e o
custeio da saúde pública são secundarizados. Não importam quantos morrerão e/ou
ficarão com sequelas mais graves pela demora e/ou condições do atendimento.
Diante de tudo isso, o cidadão comum não se sente sujeito de
direito e espera. Alguns procuram estratégias de escapar da tragédia por meio
de velhos instrumentos, como o favor ou o clientelismo. O cidadão moderno busca
os instrumentos da moderna sociedade capitalista, aciona o Ministério Público,
ou o Procon, no caso dos planos e seguros de saúde. É a busca de soluções
individuais para problemas coletivos que só poderão ser resolvidos por ações
coletivas na luta por seus direitos.
Lucia Conde de Oliveira
conde.lucia@gmail.com
Doutora em saúde coletiva e professora da Universidade
Estadual do Ceará (Uece)
TORNAR
REALIDADE "SONHO" DO SUS É PRECISO!
FAÇA SUA
PARTE!
COMENTE!
DIVULGUE!
0 comentários:
Postar um comentário