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A política e a utopia


Opinião
Diário do Nordeste

DEBATES E IDEIAS
03.03.2013


A política e a utopia

Há quem defenda a ideia de que a sociedade democrática pode converter-se em tirania da maioria. É possível. E isso foi intuído por Nelson Rodrigues ao dizer que a maioria é constituída de idiotas. A democracia deu ao idiota a certeza de sua superioridade numérica. Antes ele vivia sua vida besta; agora, sabe que manda. 
Idiota é aquele que tem a propensão para falar o que pensa ainda que não saiba nada. Na democracia, é comum a tagarelice que considera todos os homens iguais. Mas o tagarela nada sabe, pouco lê, é generalista, pergunta para o primeiro que encontra e aceita a verdade da maioria, não tendo conhecimento que vá além da opinião pública. 

Por isso, mesmo um poder que se diga democrático, quando envolvido com a dinâmica do comando, pode esmagar a plebe. Daí a necessidade de se estabelecer um sistema de pesos e contrapesos para que o poder controle o poder. O que assegura a liberdade e a igualdade de direitos não é o extremista dos democratas, mas uma cadeia de pequenos poderes de associações que se entrechocam (família, religião, sindicato, organizações não governamentais e muitos outros). 
A pior coisa que existe é o governante que se diz capaz de construir uma sociedade perfeita. Não é da esfera do governo a transformação moral da sociedade, embora o problema do homem seja essencialmente moral. A indispensável mudança do mundo não é possível através de uma teoria de gabinete, nem é tarefa de político. Tampouco a revolução é o melhor meio de resolução de problemas. A mudança, pontual, gradual, visando casos específicos, pode alcança melhor resultado. 

Muitas teorias políticas não passam de delírio da razão. Com efeito, não passa de mito a participação direta na democracia e no orçamento participativo. A realidade é que a natureza humana não permite que se alcance, aqui na Terra, as utopias decantadas. Logo, a propagação de que os seres humanos são iguais é uma mentira. Todos são diferentes; alguns são melhores em aptidões, inteligências e carismas. É preciso reconhecer essas desigualdades e lutar por justiça social, sabendo que a igualdade absoluta não é deste mundo.

Edilson Santana
promotor de Justiça

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