Fonte: O POVO
CIDADANIA 24/06/2013
Ao povo
cearense
Aqui
fala o cidadão. Não fala de quimeras. Fala de uma exigência. De uma
necessidade. E de uma urgência. Que deve transformar-se numa vivência. Vivência
incontestável, que corresponde a um direito, a um dever, a uma obrigação.
Não estou falando em massa. Falo em
povo, cidadãos, cidadãs e autoridades: Governo, nos três poderes. Ao povo
brasileiro de todos os rincões deste imenso país continental, dessa nossa bela
pátria muito amada, contemplando o Cristo Redentor do Corcovado e o “auri-verde
pendão da minha terra, que a brisa do Brasil beija e balança, estandarte que à
luz do sol encerra e as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade
após a guerra, foste hasteado dos heróis na lança antes te houvessem roto na
batalha, que servires a um povo de mortalha”. (Castro Alves)
Não estou falando em tempo de
campanha eleitoral. Mas num momento e em circunstâncias em que a mídia fala de
“crise de autoridade”, uma perigosa altercação entre poderes e indicando
claramente os destinatários: o primeiro e os primeiros responsáveis.
Responsáveis que agravam a crise com expressões tão baixas e execráveis que
citá-los, mesmo “entre aspas”, seria identificar-se com eles, subnivelando-se
no submundo em que se abismam.
E por isso reage e fala o cidadão: o homem e a mulher, todos e todas, sem exceção. Para lhes recordar e deles exigir comportamento, compostura, respeito, dignidade e educação. Calmamente, dignamente, educadamente, mas exigir mesmo. Porque o povo brasileiro tem o direito sagrado de fazer essa exigência. Esse povo que por séculos vem sendo corrompido por integrantes dessa “elite”, eleita por corrupção, que trata o povo como massa de manobra; que criou, sustentou e ainda sustenta os assim chamados “currais eleitorais”; que destrata, corrompe e avilta o cidadão, a cidadã como se fossem bois, vacas, toda essa indignidade que provoca náusea, vergonha, repúdio e revolta; essa elite – não a do momento - que já chegou a usar de strip tease em campanha eleitoral; que se considera senhora do mundo; que tem o descaramento, ainda a gora, de pretender esvaziar a lei da “Ficha Limpa”, desnaturando em suas cláusulas pétreas a nossa “Magna Charta” e impingir o retorno não à impunidade mas à impunibilidade de corruptos; essa “elite” que ainda hoje tripudia sobre a dignidade humana com a pergunta repugnante - uma afronta! - : “Sabe com quem está falando?!”. Afronta punida como crime em país escandinavo!
Observe-se que aqui não há generalização. Existem certamente políticos íntegros, dedicados ao bem do povo. Senhores e senhoras dignos de admiração, respeito e gratidão. Mas sem retirar uma vírgula à denúncia e ao protesto de que os denunciados são merecedores, importa lembrar a todos que somos cidadãos e cristãos. Oro por eles todos os dias a fim de que sejam dignos do mandato que lhes confiamos.
Mas é preciso ficar bem claro: está na hora de acabar com essas misérias e com seus avatares. Graças ao bom Deus e à boa índole do nosso povo, o Brasil está mudando. Mudando para melhor. Está na hora de lembrar: “Dize-me o que falas, e eu dir-te-ei quem és!”
Dom
Manuel Edmilson da Cruz
Bispo emérito de Limoeiro do Norte
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