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"Somos apartidários. Pode confiar!"


ARTIGO 20/06/2013

"Somos apartidários. Pode confiar!"

Lendo alguns textos e notícias sobre os recentes movimentos virtuais (e também presenciais) de repúdio à violência em Fortaleza, percebi um comportamento constante entre os membros dessas novas associações: a preocupação em negar vínculos com políticos e partidos políticos. Em uma reportagem, o jornalista advertia que, a despeito de algumas acusações, não havia prova alguma do envolvimento de políticos dentro de tal movimento. É uma ressalva curiosa e serve de ponto de partida para a seguinte reflexão.

A atual desmoralização da classe política brasileira nos leva a esse novo quadro de pensamento e atuação popular em que a sociedade, no afã de demonstrar a autenticidade de suas manifestações, repudia a intromissão político-partidária. É válida e oportuna a criação de associações e organizações que não sejam partidárias, que não estejam conectadas às diretrizes ideológicas de um partido.

Mas é temível que esses novos grupos e pessoas cultivem essa não vinculação como preceito moral, acreditando que estão defendendo uma pureza ética, contrária aos enodoados interesses de partidos e políticos. É um discurso perigoso e que distancia a sociedade dos agentes políticos, que são a única instância capaz de executar as reivindicações desses grupos.

Qualquer manifestação ou petição que essas associações realizem não será nunca mais efetiva que o exercício do direito de voto, que é a sublime, porém breve, expressão de nossa democracia. É a delegação que a sociedade faz para que membros da própria sociedade tomem decisões em nome de todos. Daí, nascem os políticos.

Não são seres caídos do céu ou brotados do inferno. Foram escolhidos para agir em nome da coletividade e detém o poder para tal. Afora o voto, são escassas as formas de democracia direta. Ou seja, restam poucos meios para que a sociedade, por si, provoque alguma mudança política que não passe pelo crivo dos agentes políticos (até os projetos de lei de iniciativa popular dependem da aprovação das casas legislativas e da sanção do Poder Executivo).
Portanto, um povo que vota, mas ao mesmo tempo tem ojeriza ao produto dessa votação e reconhece nos políticos uma ameaça ou um veneno que macula a pureza de seus anseios, está pregando uma verdadeira antinomia. Está alargando a perigosa distância entre a política e a sociedade e fazendo com que esses protestos e reivindicações caiam nessa fenda.

Célio Studart
institutopolitizar@gmail.com

Presidente do Instituto Politizar

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