125x125 Ads

Éticas em contradição


ARTIGO 15/06/2013
Éticas em contradição


Jackson Sampaio
jose.sampaio@uece.br

Titular em Saúde Pública e reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece)


No correr de minha história pessoal, testo sempre a tensão entre ética privada e ética pública, separando-as, mas submetendo-as a uma lógica básica, a da utopia humanística que vem da filosofia grega, passa pelo cristianismo e atualiza-se no socialismo, constituindo-se pelas ideias de justiça social e bem comum.
Assim, mantive a tensão entre técnica profissional e dimensão política do trabalho, pois, se ele é mercadoria que a gente vende em troca dos 30 dinheiros da sobrevivência, é também atividade fundamental para a construção da identidade individual e as mediações para a rede de relacionamentos sociais.

Não separo minha profissão de seus determinantes e de suas consequências morais, sociopolíticas e econômicas. Percebo, então, que a vivência concreta do trabalho gera uma minoria de cúmplices ativos, que lucra e faz carreira com ele; uma maioria de cúmplices passivos, refugiados na rotina e no fetiche da técnica; e outra minoria de críticos ativos.

Mas quem se concebe em algum destes estratos? O problema é o da autoimagem e da presença ou ausência de mal-estar nas consciências. E a história do Brasil não nos ajuda. O moderno, no Brasil, tem sido um cupim que rói a compreensão da história. Estaremos condenados a errar os mesmos erros, na contradição entre as faces da tragédia e da farsa?

Podem nos ajudar a compreender o País a extensão da pobreza e do analfabetismo; a mídia de massa focada em simulacros de necessidades; a novidade da vida urbana para extensa população recém-egressa da vida rural ou das periferias pobres; o corporativismo das profissões liberais; e o paternalismo de um estado que se antecipa em migalhas de direitos, mas esconde o essencial.



Não podemos deixar de caracterizar o cenário no qual se estuda e trabalha. Também não podemos deixar de falar das alegrias e dos sucessos que cada um de nós é capaz de viver e produzir. Não somos marionetes de deus, do capital, do estado. Somos atores de um processo, criamos e superamos.

0 comentários:

Postar um comentário

 

Copyright © 2010 • MARACANAÚ REFLEXIVO • Design by Dzignine