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A esquerda e a direita, segundo Deleuze

FONTE:O POVO
 ARTIGO 19/08/2013

A esquerda e a direita, segundo Deleuze





Recentemente, voltou a circular no Youtube um vídeo em que o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995) aparece falando sobre o significado de ser de direita ou de esquerda (http://bit.ly/11SZAxH). Para o pensador francês, o limite entre as duas posturas é dado por uma questão de percepção. A direita pensaria a partir de si, de dentro para fora; já a esquerda pensaria num fluxo inverso, de fora para dentro. Traduzindo nas palavras do próprio: “Não ser de esquerda é como um endereço postal. Parte-se primeiro de si próprio, depois vem a rua em que se está, depois a cidade, o país, os outros países e, assim, cada vez mais longe. Começa-se por si mesmo e, na medida em que se é privilegiado, costuma-se pensar em como fazer para que esta situação perdure”. 
Já “ser de esquerda”, para ele, seria o contrário. “É perceber… É um fenômeno de percepção. Primeiro, vê-se o horizonte e sabe-se que não pode durar, não é possível que milhares de pessoas morram de fome. Isso não pode mais durar. Não é possível esta injustiça absoluta. Não em nome da moral, mas em nome da própria percepção”.
Além de propor o pensamento de esquerda como um devir, e não como algo estático, dogmático, as ideias de Deleuze têm o mérito de, em boa medida, superar o ranço binário e maniqueísta na hora de dividir os interlocutores à mesa de debate. “Ser de esquerda é começar pela ponta. Começar pela ponta e considerar que estes problemas devem ser resolvidos”, ele reforça.
Diante do debate sobre mobilidade urbana que está na ordem do dia em todo o País, talvez pudéssemos pensar, à luz das ideias de Deleuze, em cidades de esquerda ou de direita. Assim, teríamos cidades que privilegiariam o transporte individual, suas demandas e seus caprichos, e que buscariam a todo custo (ambiental, inclusive) a preservação de seu establishment. E teríamos cidades que seriam pensadas e construídas a partir do coletivo; com um olhar mais generoso às demandas da coletividade, um ethos mais solidário. 
Nossa Fortaleza, caro leitor, como você a definiria?

Felipe Araújo

felipearaujo@opovo.com.br 
Editor-chefe do Núcleo de Cultura e Entretenimento do O POVO

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