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Manifestações: erupção de uma nova ordem político-institucional

FONTE:  O POVO
PÁGINA 6
EDITORIAL 20/08/2013


Manifestações: erupção de uma nova ordem político-institucional
Baseia-se no fato de que a soberania popular é a fonte de legitimação do poder político

A entrevista do italiano Giuseppe Cocco, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), às Páginas Azuis do O POVO, abordando as manifestações de rua que tomaram conta do País desde o mês de junho passado, soma-se às várias contribuições dos meios acadêmicos para tentar explicar o fenômeno, embora seja merecedora de fortes reparos em suas conceituações e conclusões para se conformar ao Estado Democrático de Direito. 
Entretanto, dá para concordar com Giuseppe Cocco pelo menos num ponto: “os protestos questionam nossa democracia, estão num momento de inflexão entre a destruição das velhas ordens e a constituição de uma nova e são uma radicalização democrática, cheia de um dissenso que não deve ser unificado, mas, ao contrário, compreendido”. Infelizmente, as instituições do Estado não têm mostrado estar à altura de entender o que está se passando à sua volta. Enquanto a Presidência da República pelo menos tentou emplacar cinco pactos, do qual o mais importante foi a reforma política, o Congresso Nacional entregou-se a uma descarada encenação de ativismo político, logo desmentido pela recusa em promover a reforma política, cobrada há mais de 20 anos pela sociedade.
A cegueira das forças da ordem está em não enxergar a erupção de um novo patamar de exigência na relação sociedade x poder. Entrou em cena um novo ator: o cidadão participante, que não se sente representado pelas instituições vigentes e pretende fazer notar sua presença de todas as maneiras, inclusive por meio da desobediência civil (o que não quer dizer uso da violência, mas no sentido que lhe dá o Direito Constitucional), enquanto não for criada uma ordem institucional sintonizada com a nova consciência cidadã.

Para tanto, baseia-se no fato de que a soberania popular é a fonte de legitimação do poder político, e assim dá impulso à movimentação das placas tectônicas da sociedade em busca de uma nova adequação institucional que consagre a participação dos cidadãos no processo decisório. Enquanto isso não for obtido, é possível prever que todos os níveis de poder viverão, daqui para frente, sob recorrentes abalos sísmicos sociais. Só não enxerga quem não quer ver.

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